Macroestrutura
Os vocabulários dos três níveis, portanto, somam 2512 entradas, aproximando-se do inventário que realmente deveria constituir o “português fundamental do Brasil” (BIDERMAN, 1996). Esclarecemos também que a pesquisa deverá continuar, em termos de inevitáveis novos ajustes da nomenclatura proposta, por conta da impossibilidade de se ilustrar com precisão muitas unidades lexicais. Isso por três razões principais: 1. porque os referentes ilustrados possam ser facilmente confundíveis com outros referentes (por exemplo: a ilustração de lima talvez leve a laranja; a de clínico geral talvez se confunda com qualquer outra especialidade médica; a de analista de sistema talvez não seja suficientemente distinta da de um programador de computador ou até da de um digitador); 2. porque as ilustrações restringem-se à denotação e à concretude dos referentes (como ilustrar o efeito conotativo de expressões como dar com a língua nos dentes, ou substantivos abstratos como amizade, ou como neutralizar superordenados como inseto, mamífero, réptil?); 3. ou ainda porque as ilustrações simplesmente não conseguiriam dar uma idéia exata do referente (nos casos como leite condensado ou creme de leite). Uma vez, pois, estabelecida a nomenclatura definitiva em português desses dicionários temáticos ilustrados, optamos por excluir todas as unidades lexicais que pudessem representar qualquer um dos problemas acima. Isso não significa, todavia, que tenhamos conseguido eliminar todos os percalços para o ilustrador... Analisamos, ainda, que quase não podemos encontramos fraseologia comum em dicionários dessa natureza, pois a fraseologia comum é o lugar por excelência das imagens figuradas. Ao contrário, as combinações cristalizadas denotativas têm livre trânsito: câmara fotográfica, lista telefônica, panela de pressão etc. E pudemos verificar também que as unidades terminológicas aparecem em número significativo nessa nomenclatura, porque representam a banalização da língua de especialidade no uso comum. É o caso de aparelho reprodutor, banco de sangue, sistema solar etc. Quanto ao número de entradas, chegamos finalmente a 739 no NB, 1040 no NI e 733 no NA. Acreditamos que essa desigualdade possa realmente se explicar. O início do aprendizado de uma LE envolve evidentemente todo um universo de novas estruturas e regras gramaticais que demandam um tempo considerável para sua assimilação. Delonga-se, pois, com a morfossintaxe. Da mesma forma, a memorização do vocabulário do NB requer um tempo maior e, conseqüentemente, não seria apropriado se propor a aquisição de um número muito elevado de palavras. Em compensação, o nível intermediário de aprendizagem normalmente pode exigir mais do aprendiz, uma vez que este já se encontra familiarizado com as peculiaridades da LE e está aberto à codificação de tudo que o cerca, enriquecendo sua competência lexical. E no NA, o número de entradas volta a diminuir, aproximando-se do número de entradas do NB, provavelmente por estar o aluno em estágio de revisão e sedimentação dos conhecimentos referentes à LE adquiridos até então. E é a esses conhecimentos que as novas unidades lexicais do NA vêm se somar, representando especificidades. A nomenclatura, principal elemento da macroestrutura desta série de dicionários, organiza-se por temas classificados alfabeticamente. Os temas representam termos genéricos ou arquilexemáticos, mas nunca são acompanhados de ilustrações. Cada tema selecionado reúne onomasiologicamente unidades lexicais em português – as entradas –, pois essas trazem traços semânticos que lhes fazem referência e vêm também dispostas por ordem alfabética, com exceção dos Dias da Semana e dos Meses do Ano, dos Números e Horas e dos Signos do Zodíaco, que já possuem uma seqüência lógica predeterminada. Além disso, quando necessário, observam uma relação de hiperonímia: são pequenas subdivisões – ou subentradas –, como as partes do gato agrupadas no item gato que integra o tema animais, ou os objetos de higiene pessoal agrupados no item banheiro que integra o tema habitação. |