Microestrutura do dicionário português-japonês

1. os equivalentes em japonês transliteradas estão apresentados em itálico, seguidos dos respectivos equivalentes grafados com as letras do alfabeto japonês;
2. quanto às especificações diatópicas, trabalhamos com o japonês de Tóquio, em virtude de ser considerada por muitos a língua veicular do Japão.

Os substantivos, na língua japonesa, não possuem variação morfológica de gênero e número. Assim, não há concordância nominal substantivo-adjetivo nem substantivo-verbo. Mesmo que sufixos de pluralidade, de uso restrito, sejam utilizados para determinados substantivos, o adjetivo ou o verbo não se alteram. Por exemplo, em Watashi-wa ikimasu (Eu vou) e Watashi-tachi-wa ikimasu (Nós vamos), tachi é o sufixo plural mas o predicado verbal ikimasu permanece o mesmo. O japonês também não possui artigos. Os sufixos plurais aos quais nos referimos acima são usados com pronomes pessoais: watashi (eu) / watashi-tachi (nós); com substativos comuns que significam pessoas, ser humano: gakusê (estudante) / gakusê-tachi (estudantes); com substantivos designativos de seres vivos quando personificados: sakana (peixe) / sakana-tachi (peixes). Quando os sufixos vêm junto com substantivos próprios que designam nome, sobrenome e apelido de pessoa, têm o significado de conjunto: Silva-san-tachi (os Silva, a família Silva ou o casal Silva); Carolina-tachi (Carolina e outras).
Na língua moderna, os referidos sufixos plurais são ~gata, ~tachi, ~ra e ~domo possuem utilização restrita, como se disse acima, e dependem da relação do falante com a pessoa tratada, ou seja, do grau de respeito a ser expressa pelo falante que, por sua vez, é reflexo da relação social entre as duas partes. Assim, temos sensê-gata (tratamento de respeito para com professores) sensê-tachi (para professores, sem nenhum grau de respeito); Yamada-ra (Yamada e outros, com um tom de desprezo) e Watashi-domo (nós, incluindo humildade).
Os verbos listados em Ações Comuns estão na forma terminativa que é a forma utilizada também nos dicionários japoneses da língua moderna. Alguns verbos que possuem, no português, a mesma forma para a transitiva direta e a intransitiva possuem especificações vtd e vi, entre parênteses, para as correspondentes em japonês. Por exemplo, ‘acordar, despertar’ pode ser acordar alguém ou algo (okosu) ou uma ação praticada pela própria pessoa de despertar ou levantar-se (okiru).
As palavras que significam qualidades ou estados que aqui denominamos adjetivos estão na função adjetiva, ou seja, na forma utilizada como adjunto adnominal. Assim como os substantivos, os adjetivos não possuem variação morfológica de gênero e de número.
As entradas do português reunidos em Família, quando possuem duas correspondências, são: a primeira, quando se refere ao familiar ou parente do interlocutor ou de outrém; a segunda, utilizada para se referir ao familiar ou parente do próprio falante. Assim, okâsan será a mãe do intelocutor ou de uma terceira pessoa e haha será a mãe do próprio falante quando se referir a ela (e não como vocativo para chamá-la).
Algumas entradas do português, por não terem uma palavra correspondente em japonês, tiveram que ser explicadas. É o caso de ‘criado mudo’, ‘mesa de centro’, ‘churrasqueira’ e ‘pedreiro’.
Quanto ao sistema de transliteração para o alfabeto romano, as correspondências em japonês utilizam o sistema Hepburn, como ocorre na maior parte dos dicionários bilíngües. Este sistema foi criado pelo diplomata inglês James Curtis Hepburn (1815-1911) e representa os sons do japonês conforme a pronúncia da língua inglesa. Por isso, para o público de língua portuguesa é preciso esclarecer algumas particularidades de pronúncia: e e o devem ser pronunciadas com som fechado, como em ‘poema’; w é uma semivogal e tem o som equivalente a u da palavra ‘mau’; y é uma semivogal e tem o som equivalente a i da palavra ‘mais’; ch tem o som de tch, como em ‘tchau’; h é sempre aspirado, como em ‘hunt’ do inglês; j tem o som de dj, como em ‘adjetivo’; r é sempre uma consoante vibrante alveolar, como em ‘garota’; s é sempre sibilante, como o ss, ç ou s de início de palavra do português, em passado, moça, sapato; sh tem o som de x ou ch, como em ‘chale’, ‘xadrez’; ge e gi pronunciam-se gue e gui. Os sons longos estão representados com um acento circunflexo sobre as vogais: taiyô pronuncia-se ‘taiyoo’, como se tivesse duas vogais. Os sons ejectivos estão representados pela repetição da consoante da sílaba posterior: nokku-suru pronuncia-se fazendo uma pequena pausa ‘no  ku-suru’.